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JUBILEI DE PRATA PELOS 25 ANOS DA ORDENAÇÃO SACERDOTAL DO PADRE ROMEU

 O padre Romeu Leite Izidório, pároco da Paróquia Santíssima virgem  no próximo dia 7 de dezembro de 2024  celebrará  os 25 anos de sua  ordenação  sacerdotal e  você  é  convidado  especial para festejar com ele!

Nesta  matéria  te convidamos a conhecer um pouco mais  da  trajetória  do padre Romeu!


"Eu vi, eu vi a miséria do meu povo... eu ouvi o seu clamor... por isso, vai, moisés...” (Ex 3)

“Examinai tudo e ficai com o que é bom.” (1Tess 5, 21)

 

Mais uma tarde típica de verão. Um imenso calor, apesar da tempestade que atingia a cidade. A Catedral do Carmo, em Santo André, na imponência de seu estilo arquitetônico que nos traz à memória o gótico alemão, e apesar de necessitar de reparos, principalmente no teto que parecia que ruiria a qualquer momento, acolhia os fiéis, familiares, amigos e convidados para mais uma celebração, que se iniciou às 15 horas.

No transcorrer da celebração, ouviram-se os gritos de algumas pessoas que se assustaram com os ventos fortes que faziam com água da chuva invadisse boa parte da igreja. Ao final, os coqueiros e outras plantas da Praça do Carmo estavam no chão.

A natureza e alguns dos seus elementos mostravam-se imponentes do lado de fora, mas dentro da Catedral, a suavidade silenciosa e a força do Espírito Santo agiam com beleza e graça. Findou-se a Liturgia da Palavra e passou-se ao Rito da Ordenação. Dois diáconos aproximaram-se e fizeram a Prostração. Ali, deitados ao chão, com suas faces em terra em um gesto sublime de submissão, em meio à Ladainha, lembraram-se de que vieram do mundo, viveram e conviveram no mundo, cresceram, estudaram e trabalharam no mundo, tornaram-se dignos homens no mundo; mas, a partir daquele momento, renunciavam ao mundo e a ele não mais pertenciam. Era dia 5 de dezembro de 1999. Eles estavam entregues. Plenamente despidos de si mesmos e mortos para o mundo e, agora ordenados Presbíteros, renasciam em Cristo para Dele darem testemunho ao mundo. Um deles, Padre Alexandre Cruz da Silva. O outro, Padre Romeu Leite Izidório, ou simplesmente, Padre Romeu, atualmente, pároco da Paróquia Santíssima Virgem em São Bernardo do Campo.

Do Ceará, sua terra natal a qual visitou apenas duas vezes, o Padre Romeu conhece muito pouco, pois desde muito pequeno vive em Santo André, entre os bairros Parque João Ramalho e Parque Erasmo Assunção. Fruto de um lar católico e sendo filho único, seus pais sempre se empenharam para que ele se tornasse um bom católico, apesar de sua resistência em fazer a Catequese de 2ª infância no momento oportuno. O pai faleceu em 1991 e a mãe, em 2019, conscientes de que o empenho deles havia valido a pena.

Por volta dos seus 17 anos, motivado pelos amigos, começou a participar de grupos de jovens. O grupo do qual participava cuidava dos pré-adolescentes. Pouco tempo depois, já se tornara coordenador de um dos grupos. Em uma reunião de preparação, da qual participaram dezoito jovens coordenadores, para a meditação, foi escolhida uma leitura do Livro do Êxodo: "E Deus disse: Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Eu ouvi o seu clamor por causa da sua dor; pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci do céu a fim de libertá-los da mão dos egípcios, e para fazê-los subir do Egito para uma terra boa e vasta, terra onde corre leite e mel, lá onde habitam os cananeus, os hiteus, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus. Agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios.” (Ex 3, 7-9). Até aqui, uma leitura bíblica que fala do amor de Deus por seu povo. Simples, profunda, envolvente. Porém, no versículo 10, Deus fala: “Por isso, vai, Moisés, e eu te enviarei ao Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo, os filhos de Israel." (Ex 3, 10). Depois deste momento, o Padre Romeu não se lembra de mais nada sobre o que foi discutido naquela reunião. A frase: “Por isso, vai, Moisés” passou a ressoar em sua cabeça e ele passou a se perguntar o que ele estava fazendo, para onde ele iria. Nascia, ali, a sua vocação.

Passou a participar, com outros três amigos, da Pastoral Vocacional. Participou de dois ou três encontros e, logo em seguida, de um retiro vocacional no qual, ao final, foi questionado sobre querer ir ou não para o seminário. Afirmou que sim. Ingressou no seminário em fevereiro de 1989. Fez os três anos de Filosofia e, na metade do primeiro ano de Teologia, ele desiste do seminário.

“Por isso, vai, Moisés” calou-se em seu coração? Para ele, o ‘ser padre’ não o preenchia mais, o ‘ser padre’ não fazia mais parte da sua vida. “Por isso, vai, Moisés” calou-se em sua alma? Continuou como catequista e com a sua vida de Igreja, mas o ‘ser padre’ não o acompanhava mais. “Por isso, vai, Moisés” calou-se em seu espírito? Seguiu a vida trabalhando na área da educação e como policial. Para ele, já com uma condição financeira estável e em um namoro sério com uma garota, a vida já estava resolvida. Resolvida? Ledo engano.

No dia 2 de dezembro de 1995, na Paróquia Santo Antônio, na Vila Alpina, em Santo André, aconteceu a ordenação presbiteral da qual, caso tivesse prosseguido nesta caminhada, o Padre Romeu teria participado e sido ordenado. Convidados pelos amigos (Por isso, vai, Moisés. Ouças o meu chamado!) de seminário e futuros padres, compareceu à Igreja, sentando-se no quinto ou sexto banco. Estava sozinho. Sua namorada não o pode acompanhar.

Cumprimentou muitas pessoas com as quais havia convivido em seu período como seminarista. Até aquele momento, para ele era apenas mais uma missa de ordenação da qual participaria, como tantas outras que já havia participado. O bispo ordenante, seguindo minuciosamente todas as fórmulas, acolhe e saúda a todos e prossegue com os ritos (Por isso, vai, Moisés. Levanta-se!). Apresentam-se os candidatos à vida presbiteral. Pouco depois, são questionados se querem, realmente, seguir a vida presbiteral. Inicia-se a Ladainha (Por isso, vai, Moisés. Coloque-se a caminho!). Os candidatos prostram-se com o rosto ao chão. Todos os demais, de joelhos. Logo depois, o Bispo impõe as mãos sobre a cabeça dos candidatos. Todos os presbíteros presentes impõem as mãos ao candidato. (Por isso, vai, Moisés. Conquiste o mundo!). O Bispo diz a Prece de Ordenação. A Estola e a Casula. Unção das Mãos dos já Ordenados. Pão e Vinho. Vida conformada ao Mistério da Cruz de Cristo. Liturgia Eucarística. Comunhão.

A Acolhida no Presbitério é um momento pós-ordenação no qual todos os Presbíteros presentes acolhem, com um abraço, os novos ordenados. A frase “Por isso, vai, Moisés”, adormecida, prorrompeu no peito do Padre Romeu; não com a força de um animal raivoso, nem com gritos ou palmas; mas doce e suave como somente o Espírito Santo sabe agir; e é em momentos como estes que vemos Sua a ação em nossas vidas: primeiramente, um leve desconforto que invade a alma, deixando os olhos marejados; os pensamentos tornam-se um pouco desconexos e a primeira lágrima transborda face abaixo; então, toda as emoções do corpo, da alma e do espírito silenciosamente transfiguram-se e prorrompem em inúmeras e incontidas lágrimas. Daquele momento em diante, não era mais “Por isso, vai, Moisés”. Agora era “Por isso, vai, Romeu”. Ali era o momento de retornar à caminhada para a vida presbiteral. Processo de retorno, seminário e estudos de Teologia. E, em 5 de dezembro de 1999, aconteceu a ordenação presbiteral do Padre Romeu.

Após a ordenação, foi nomeado vigário na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, no Jardim das Orquídeas, em São Bernardo do Campo, onde ficou até o dia 30 de dezembro de 2000. Depois, foi nomeado pároco na Paróquia São Jorge, em Santo André, até 2 de fevereiro de 2006. Neste período, fez seu mestrado em Teologia Bíblica.

De 2006 a 2012, ficou fora do Brasil. Serviu, por um período, como padre em Ímola, no norte da Itália e auxiliou, por dois meses, uma paróquia no Canadá. Estudou em Israel e na Itália e fala, com orgulho, de sua formação acadêmica (e aqui, faz-se necessário dizer que este orgulho não é de soberba ou prepotência, como muitos poderiam pensar; mas sim, o orgulho de usar a sua inteligência, um dom gratuito dado por Deus, e colocá-la a serviço da Igreja, da Educação e do próximo). Residindo em Ímola, uma vez por mês teve que ir para Roma a fim de conversar com o seu orientador do doutorado (o mesmo que havia cancelado a quarta e última parte de sua tese). Mesmo com esta dificuldade, e outras inerentes a este processo, defendeu sua tese de doutorado em 13 de junho de 2012, dia de Santo Antônio de Pádua e de Lisboa, recebendo o titulo de Doutor em Teologia Bíblica.

De volta ao Brasil, assumiu a Paróquia Santa Luzia e São Carlos Borromeu, em Santo André, até 5 de dezembro de 2015, paralelamente ao desempenho da função de diretor do Instituto de Teologia, também Santo André. Depois, foi transferido para a Paróquia Santa Teresinha, em São Bernardo do Campo, onde ficou até o dia 19 de agosto de 2021 e, desde o dia 20 de agosto de 2021, tem exercido seu presbiterato em nossa Paroquia Santíssima Virgem.

Para nós, leigos, estas transferências parecem incoerentes muitas vezes; mas fazem parte da vida presbiteral. Esta subserviência dos presbíteros aos pedidos do bispo tem o condão de renovar a vida nas paróquias, dar oportunidades para que os padres e os paroquianos tenham novas experiências e encarem novos desafios. Desta forma, o padre não tem sua “paróquia de estimação”, da mesma forma que os paroquianos não têm o seu padre de estimação. E o Padre Romeu afirma, categoricamente, que foi feliz na Nossa Senhora de Guadalupe, que foi feliz na São Jorge, que foi feliz em Ímola, que foi feliz na Santa Luzia e São Carlos Borromeu, que foi feliz na Santa Teresinha e que está sendo feliz na Santíssima Virgem. Mas isso não significa dizer que, em todas as paróquias nas quais serviu, não encontrou dificuldades, desafios pesados, humilhações, rejeições e até abaixo-assinados para que não assumisse a paróquia. Para ele, as pessoas têm o direito de gostar dele e também de não gostar, mas o que ele não admite é que as pessoas que não gostam dele disseminem rancor, raiva e ódio a ponto de prejudicar a vida da Comunidade. Os problemas não o paralisam, nem o tornam mais feliz ou menos feliz.  Depositando sua felicidade em Cristo, ele tem a certeza de que é um bom padre onde ele está e pronto, e ele faz o que está ao alcance de suas mãos e de suas possibilidades, e assim permanecerá pelas demais paróquias para as quais ele for designado (de acordo com o Código de Direito Canônico, Cân. 538, §3, todo presbítero deve apresentar a sua carta de renúncia ao completar 75 anos de idade... o Padre Romeu está, agora, com 54 anos... façam as contas!!!). Receber o pedido de transferência, encerrar um ciclo, chegar a uma nova paróquia, ser acolhido e começar novamente (não do zero, mas a partir de toda bagagem e experiência anteriormente adquiridas) e enfrentar os desafios de uma nova paróquia fazem parte da espiritualidade de estar disposto a viver a graça de Deus onde quer que você esteja.

Lembram-se de que foi dito que os pais do Padre Romeu sempre se empenharam para que ele se tornasse um bom católico e que o empenho deles tinha valido a pena? O empenho valeu a pena!!!  Pois bem, ele é corintiano, tem um humor ácido e tem um imenso carinho por São Francisco de Assis. Em algumas de suas homilias, ele já falou do acordo que tem com Deus para que possa viver até os 125 anos de idade e sabemos que Deus faz a parte Dele. Questionado se ele estaria fazendo a sua parte, o Padre Romeu disse que sim. Faz algum tempo que vem brigando com um leve problema gastro-intestinal (e está se tratando). Considera-se um sedentário, pois não pratica atividades físicas (Ele tem a plena consciência de que não possui o mesmo vigor dos seus 29 anos, quando foi ordenado). Apesar de tudo isso, no alto dos seus 54 anos, seu corpo tem respondido bem e ele tem se alimentado melhor.

Para ele, Cristianismo não é obrigar o outro a ser cristão. E cita o filme ‘Anjos de Guerra’ (Edge of the Lord – 2001), que narra a história de um garoto judeu de 11 anos na Polônia invadida pelos nazistas em 1939 e o acolhimento do padre do vilarejo onde se passa a história, que ajudou o garoto sem o obrigar a romper com a fé judaica. O Cristianismo não pode invadir a vida das pessoas e obriga-las a ser o que elas não querem ser.

Sempre deixa claro que as pessoas têm que fazer as coisas as quais são chamadas porque querem e porque amam, e não por obrigação ou por um preceito (“Que cada um dê conforme o seu coração, sem pesar, sem constrangimento. Deus ama quem dá com alegria” – 2Cor 9, 7), pois para ele o que vale é realizar aquilo que a pessoa se propõe a fazer.

A sua convicção é a mesma de quando foi ordenado, ou até mais firme, de que deve continuar a semear a Boa Nova, de que deve continuar sendo o evangelizador, sendo o sinal do Bom Pastor. Entenda-se, aqui, que não é ser um Bom Pastor, e sim, ser o sinal do Bom Pastor, pois é o próprio Cristo que deve aparecer em tudo aquilo que nós fazemos. O Padre Romeu também tem a convicção de que a sua vida não mais pertence a ele, e sim, está depositada nas mãos de Deus, e ele faz a parte que a ele cabe, enfrentando as dificuldades que, porventura, apareçam.

Apesar do lema de sua ordenação presbiteral ser o versículo acima citado (2Cor 9, 7), o que realmente o acompanha desde a primeira celebração eucarística que presidiu é: “EXAMINAI TUDO E FICAI COM O QUE É BOM.” (1Tess 5, 21). E é isso o que ele quer viver sempre.

E a mensagem que o Padre Romeu nos deixa é muito simples, mas embargada de sentimentos e profundidade: “Quando nos abrimos à graça de Deus e deixamos que a graça aconteça, tudo se torna possível. Não há problema que dure para sempre; não há dificuldade que seja tão grande que não possa ser superada. Aquilo que para mim se torna impossível, na graça de Deus se torna possível. Por isso, com São Paulo, olho para frente onde está o Cristo, e continuou caminhando em direção a Ele. De vez em quando, eu caio; de vez em quando, eu me sento e não quero mais caminhar; de vez em quando, dá vontade até mesmo de fazer o caminho contrário ou tudo mais. Mas cada vez que eu me lembro, olho de novo para onde o Cristo está e vou em direção a Ele. Caminhe em direção ao Cristo, o resto é resto.”

Por Luciano Domingos - Professor e agente da Pastoral da Comunicação Santíssima Virgem

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